sábado, 9 de janeiro de 2010

Todistas e Maristas



Comemora-se hoje o 257 aniversário do nascimento de Luisa Todi.

Sete anos atrás, assisti a algumas das comemorações do 250 aniversário, entre as quais um recital no Forum Municipal Luisa Todi com a Mara Zampieri. Há uns tempos atrás prometi ao valquírio contar as peripécias desse recital, assim que encontrasse o programa (tenho a mania de guardar os programas, sim). Infelizmente, ainda não foi desta  que o encontrei(e já procurei várias vezes, em vários sítios, pelos vistos não os certos!). No entanto, não podia passar de hoje, já que o aniversário de nascimento da cantora lírica portuguesa mais conhecida de sempre (a seguir a Natália de Andrade, naturalmente). Se a minha memória visual não me trai, quase que aposto que uma das imagens que tem (se não a única), é idêntica a esta capa de CD.


Ora, para quem não sabe, Luísa Todi, ao jeito Callas VS Tebaldi (assim uma espécie Simone de Oliveira VS Madalena Iglésias, mas em bom) teve também uma adversária nos palcos e por quem plateias se degladiavam. De seu nome Gertrudes Mara. Não há maneira melhor do que homenagear alguém, do que por a cantar alguém que o mesmo nome do seu adversário, verdade?

Não me recordo grande coisa do recital (a minha memória é exclusivamente visual e é preciso estar inspirado). Lembro-me sim, de ter tido intervalo e Mara Zampieri contorcer-se para não lhe dar uma coisinha má. Primeiro porque a fizeram entrar antes de toda a gente ter entrado de novo na sala. E em segundo, por a porta da sala ter ficado aberta e ouvir-se barulho de loiça, vindo do bar...

Tenho pena de não me lembrar qual o reportório que Mara Zampieri nos trouxe. Deixo-vos com uma das arias finais de Belisario, de Donizetti,

Mara Zampieri - Da quel dì, che l'innocente


3 comentários:

Bartolomeu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bartolomeu disse...

Se me permite dar um modesto contributo, como acréscimo ao seu texto, gostaria de indicar o seguinte:

Entre outros compositores, Tody, cantou obras em estreia absoluta de Cimarosa, Paisiello, Piccini sendo estes mesmos compositores amigos pessoais da cantora, nomeadamente no tempo em que todos estiveram ao serviço da Czarina Catarina.

Tome como exemplo a Didone Abbandonata de Piccini, como um dos papéis escritos para esta cantora e que parece se ter tornado num dos seus mais emblemáticos.

http://www.youtube.com/watch?v=Ar9ioTfgibs

http://www.youtube.com/watch?v=8MN7rEIQhYo

Mais, apesar de ser um registo moderno, com tudo o que isso implica, o facto de este papel ter sido escrito para a voz da Tody significa que o mesmo se reveste da morfologia e do formato vocal/fonético do aparelho desta cantora.

Sem entrar em mais delongas, o que quero dizer é que sensitivamente poderá reviver, por imitação inconsciente destas interpretações, o prodígio, o virtuosismo técnico, o potencial, a energia e vibração natural da essência do canto da Tody, pois numa ária um compositor tirava sempre todo o partido da sua artista, em todas as suas extensões.

Abraço

Paulo disse...

Pois eu também tenho a mania de guardar os programas mas eles depois têm a mania de se esconder de mim. Uma verdadeira chatice quando precisamos deles.

Vi uma cena semelhante também há uns anos no CCB. A Kiri Te Kanawa ficou furiosa, embora estivesse a fingir que não. Teve de ficar no palco a ver as pessoas entrarem calmamente como se não fosse nada com elas. Uma vergonha.